CINQÜENTA ANOS DEPOIS !..
Vês agora tu a dor da minha desventura
Alma sedenta de amor de tempos idos
Sabor deste momento perdido nos anos
À mercê do despojo de tantos desenganos
Esperanças fugazes em prantos carpidos
Propenso ao amor, ávido de ternura
O
tempo tirano, o amor adormece
Quem sóis vós de dons encantadores
Que a paz me tirais, regendo meu fado
Fulminante dor, estímulo tocado
Num gesto amado, dulcíssimos favores
Junta os pedaços de meu coração e tece
Cinqüenta anos de sonhos e clamores
Ouve a cruel incerteza da saudade
Que a dor profunda a delirar abriga
Suspiro há tanto tempo, coisa antiga
Desde os primórdios da minha mocidade
Fartando meu coração de dissabores
Em
sonho fascinante teu amor mantive
Não há poder no mundo, que mude a sorte
Pouco a pouco o Ser sucumbe à natureza
Se teu regresso aponta, sou tua presa
Dar-te-ei mil beijos, num abraço forte
Amostra dos desejos que por anos tive
Se tudo não passou de um sonho lindo
Quem sóis vós que meus sonhos dominais
E dais alegria a um feliz momento
Acendeis de vivas cores vasto pensamento
No mais sensível dos amantes geniais
Em doce encanto, que ao despertar é findo!
São Paulo, 03/01/2006
Armando A. C. Garcia
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