Bem vindo à Brisa da Poesia!

Espargindo fragrância nas mal dedilhadas letras, levo até vocês, uma amostra tecida no rude tear da minha poesia! Espero que o pensamento exteriorizado nos meus versos leve até vocês momentos de deleite e emoção!
Abraços poéticos, Armando A. C. Garcia
São Paulo, 06/08/2011

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Eu quero ver !

Eu quero ver !

 

Eu quero ver, as folhas das árvores mortas

Cair em noites procelosas, absortas,

Rolando em vendavais de vento e lama,

E, eu quero ver, qual é a folha que clama.

 

Eu quero ver, os lírios brancos tombarem

Rosas viçosas, nas roseiras secarem...

E as meigas avezinhas passar fome,

Pra saber a quem o desespero consome.

 

Eu quero ver, e sentir a dor cruciante,

Sem gemer, ou suspirar um só instante,

Ver as saudades na hora de partir,

E sentir a prece, na hora de dormir.

 

Eu quero ver, e vislumbrar no além

O que não enxergo, deste lado do aquém,

E descortinar a torpe fantasia

Que cobre histriões, cheios de hipocrisia !

 

Eu quero ver, quem não protesta e insulta

Dentro dessa gente sabida e inculta,

Face à vontade, agora esclarecida

Que tem sido, por todo sempre combatida.

 

Eu quero ver, a reação desumana

De incultos e letrados em caravana,

Sem olhar a causa vera e principal,

Julgarem como coisa acidental.

 

Eu quero ver, para depois, também ver!

E ao julgar sua própria causa, queria ser,

Não Juiz de Toga, ou de batina preta,

Queria só ver, se sua consciência é reta.

 

São Paulo, 02/08/1964 (data da criação)
Armando A C. Garcia

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