A Côngrua da Freguesia
Passeava
desde manhã o velho cura
Meditando,
nos jardins do presbitério
E
carregando entre a estola e a tonsura
Surrado
livro de moral e do mistério.
O
padre era um homem forte, bonacheiro
Porém
só na aparência natural
Pois
para ele só contava o seu dinheiro,
E,
as suas verdes couves do quintal.
Cobria-se
com o manto da santidade
Carregando
à cintura seu rosário
Que
os fiéis, viam nele mais divindade
Que
na Virgem e no Cristo do Calvário.
O
raio do velho em arte tão matreiro
Andava
agora nervoso, acabrunhado
Pensando
no encher as tulhas do celeiro
C’oa
cobrança do côngrua do prelado.
Pro
que chamou o sacristão, outro ranzinza
Os
dois, salvadores d’almas da freguesia
Que
escondiam entre a capa e a batina
E
entre o chão e a abóboda da sacristia,
Os
pecados que só eles lá faziam.
Preparavam
agora novo sermão,
Que
os fiéis o entendessem pretendiam
A
fim de não lhes faltar preparação...
Pois
na semana vindoura iam cobrar
Pela
paróquia, em toda a porta d’casa
Três
rasas de trigo, fumeiro a fartar
Tudo
qu’ao apetite sagaz do abade apraza.
Que
ao ministro de Deus não fale nada
Assim
falou ele que Jesus dizia,
Nem
que sua freguesia fique condenada
A
deixar seus fiéis da barriga vazia.
Que
importa que estejam rotos, famintos
Se
esses pobres ingénuos desgraçados
Preferem
morre obsidiados, famintos
Que
julgarem-se em eternos condenados.
E
enquanto isso o padre cura, rechonchudo
À
orgia da podridão já condenado,
Vai
ficando dia a dia mais barrigudo,
Enquanto
pelo diabo é esperado!
São
Paulo, 28/02/1964 (data da criação)
Armando
A. C. Garcia
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