Bem vindo à Brisa da Poesia!

Espargindo fragrância nas mal dedilhadas letras, levo até vocês, uma amostra tecida no rude tear da minha poesia! Espero que o pensamento exteriorizado nos meus versos leve até vocês momentos de deleite e emoção!
Abraços poéticos, Armando A. C. Garcia
São Paulo, 06/08/2011

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Chegada Da Cegonha


Chegada Da Cegonha 

A cegonha anunciou... 
E, logo às primeiras dores, 
De alvoroço e alegria! 
Nervosa fica a titia. 
A futura mamãe aflita, 
Já chora, blasfêmia e grita. 
A titia cheia de pavor... 
Corre a chamar o doutor. 
No seu entender o parto, 
Deve ser lento, sem dor!... 
A vovó mais experiente, 
Sorri, satisfeita, contente 
Mais um neto, uma flor! 
Que importa vir o doutor!... 
............................ 
Mais uns minutos passados 
Chega o médico atarefado 
Logo em mangas de camisa 
Vai fazer cesariana, 
Mas constata! não precisa... 
Pois naquela guerra ufana, 
Nasceu uma bela menina. 
........................ 
Pega a nenê pelos pés, 
Na nádega da uma palmada 
E num choro se desfaz... 
Nhé-é-é...nhé...é...é, nhé-é-é... 
Nhé-é-é...nhé...é...é, nhé-é-é... 
.......................... 
Nervoso no corredor, 
O pai anda apavorado 
De ouvir o choro lânguido, 
Permanece angustiado, 
Rói as unhas e se agita 
Por todo canto da casa. 
Sua mulher já não grita 
Ele sente os nervos em brasa, 
Nem a rezar se compraza 
Pedindo pela mulher. 
Teme que ela bata a bota 
Sem saber o que fazer 
Chega ao quarto, abre a porta! 
Não encontra a mulher morta... 
Pervagueia seu olhar, 
Vê uma linda garota. 
E, sua mulher absorta, 
Mal sabe, se viva ou morta, 
Assiste a tudo calada, 
Pois a infeliz a coitada, 
Não sente forças p’ra nada. 
.......................... 
A casa num alvoroço, 
Com visitas a chegar 
Mais parece um nosocômio 
Com crianças a berrar... 

Nhé-é-é...nhé...é...é, nhé-é-é... 
Nhé-é-é...nhé...é...é, nhé-é-é... 
Em tamanha confusão, 
O pai vai à garrafeira 
Na pipa põe a torneira, 
Trás presunto e salpicão 
E... É tamanha a bebedeira 
Que o médico tomba ao chão, 
Bem aos pés da cabeceira. 
Só no outro dia desperta 
E então relembra a festa... 
Põe o chapéu, cobre a testa... 
E até logo meus senhores!... 

São Paulo, 04/04/1964 (data da criação)
Armando A. C. Garcia

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