Chegada Da Cegonha
A cegonha anunciou...
E, logo às primeiras dores,
De alvoroço e alegria!
Nervosa fica a titia.
A futura mamãe aflita,
Já chora, blasfêmia e grita.
A titia cheia de pavor...
Corre a chamar o doutor.
No seu entender o parto,
Deve ser lento, sem dor!...
A vovó mais experiente,
Sorri, satisfeita, contente
Mais um neto, uma flor!
Que importa vir o doutor!...
............................
Mais uns minutos passados
Chega o médico atarefado
Logo em mangas de camisa
Vai fazer cesariana,
Mas constata! não precisa...
Pois naquela guerra ufana,
Nasceu uma bela menina.
........................
Pega a nenê pelos pés,
Na nádega da uma palmada
E num choro se desfaz...
Nhé-é-é...nhé...é...é, nhé-é-é...
Nhé-é-é...nhé...é...é, nhé-é-é...
..........................
Nervoso no corredor,
O pai anda apavorado
De ouvir o choro lânguido,
Permanece angustiado,
Rói as unhas e se agita
Por todo canto da casa.
Sua mulher já não grita
Ele sente os nervos em brasa,
Nem a rezar se compraza
Pedindo pela mulher.
Teme que ela bata a bota
Sem saber o que fazer
Chega ao quarto, abre a porta!
Não encontra a mulher morta...
Pervagueia seu olhar,
Vê uma linda garota.
E, sua mulher absorta,
Mal sabe, se viva ou morta,
Assiste a tudo calada,
Pois a infeliz a coitada,
Não sente forças p’ra nada.
..........................
A casa num alvoroço,
Com visitas a chegar
Mais parece um nosocômio
Com crianças a berrar...
Nhé-é-é...nhé...é...é, nhé-é-é...
Nhé-é-é...nhé...é...é, nhé-é-é...
Em tamanha confusão,
O pai vai à garrafeira
Na pipa põe a torneira,
Trás presunto e salpicão
E... É tamanha a bebedeira
Que o médico tomba ao chão,
Bem aos pés da cabeceira.
Só no outro dia desperta
E então relembra a festa...
Põe o chapéu, cobre a testa...
E até logo meus senhores!...
São Paulo, 04/04/1964 (data da criação)
Armando A. C. Garcia
A cegonha anunciou...
E, logo às primeiras dores,
De alvoroço e alegria!
Nervosa fica a titia.
A futura mamãe aflita,
Já chora, blasfêmia e grita.
A titia cheia de pavor...
Corre a chamar o doutor.
No seu entender o parto,
Deve ser lento, sem dor!...
A vovó mais experiente,
Sorri, satisfeita, contente
Mais um neto, uma flor!
Que importa vir o doutor!...
............................
Mais uns minutos passados
Chega o médico atarefado
Logo em mangas de camisa
Vai fazer cesariana,
Mas constata! não precisa...
Pois naquela guerra ufana,
Nasceu uma bela menina.
........................
Pega a nenê pelos pés,
Na nádega da uma palmada
E num choro se desfaz...
Nhé-é-é...nhé...é...é, nhé-é-é...
Nhé-é-é...nhé...é...é, nhé-é-é...
..........................
Nervoso no corredor,
O pai anda apavorado
De ouvir o choro lânguido,
Permanece angustiado,
Rói as unhas e se agita
Por todo canto da casa.
Sua mulher já não grita
Ele sente os nervos em brasa,
Nem a rezar se compraza
Pedindo pela mulher.
Teme que ela bata a bota
Sem saber o que fazer
Chega ao quarto, abre a porta!
Não encontra a mulher morta...
Pervagueia seu olhar,
Vê uma linda garota.
E, sua mulher absorta,
Mal sabe, se viva ou morta,
Assiste a tudo calada,
Pois a infeliz a coitada,
Não sente forças p’ra nada.
..........................
A casa num alvoroço,
Com visitas a chegar
Mais parece um nosocômio
Com crianças a berrar...
Nhé-é-é...nhé...é...é, nhé-é-é...
Nhé-é-é...nhé...é...é, nhé-é-é...
Em tamanha confusão,
O pai vai à garrafeira
Na pipa põe a torneira,
Trás presunto e salpicão
E... É tamanha a bebedeira
Que o médico tomba ao chão,
Bem aos pés da cabeceira.
Só no outro dia desperta
E então relembra a festa...
Põe o chapéu, cobre a testa...
E até logo meus senhores!...
São Paulo, 04/04/1964 (data da criação)
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