Troca-se
Troca-se
o bem pelo mal
O vero, pelo irreal
O vero, pelo irreal
O
vício, pela saúde
Mesmo
que leve ao ataúde
Troca-se
Deus, por satanás
Tem
gente que até é capaz
De
sua família trocar
Se
o dinheiro apontar
Troca-se
a vida do campo
Pela
do agitado trampo
Numa
cidade qualquer
Com
poluição pra valer
A
razão, pela mentira
E
do mundo, ninguém tira
O
poder da trocação
Até
amor, pela ilusão
Troca-se tudo na vida
Só
depende da ocasião
Se
a troca é necessária
Seja
nobre, não falsária
Na
inversão dos valores
Trocam-se
bons, pelos piores
Num
clima de louvação
Com
jeitinho de salão
Trocam-se
homens de brio
Por
palavras, de um vazio
Sem
semente e, nada mais
É
barco, parado no cais
Troca-se
pura alquimia
Onde
reina a harmonia
A
calma e a oração
Pela
reles imprecação
A
sagrada natureza
Com
toda sua pureza
Pela
vida cosmopolita
Onde
tudo se agita
Troca-se
o amor, pelo ódio
Centeio,
pelo serôdio
Troca-se
o céu, pelo inferno
O
verão pelo inverno
A
verdade, por fingimento
O
amor, pelo esquecimento
A
sorte, pela desventura
O
certo, pela aventura
A
face da liberdade
Pela
da totalidade
De
regimes de desdita
Onde
o povo geme e grita
Troca-se
a paz, pela guerra
A
floresta, pela serra
O
justo, pelo injusto
O
novo, pelo vetusto
Troca-se
tudo na vida
E
a cada nova investida
A
troca é defendida
E
a troca, troca, é mantida…
Porangaba,
19/08/2012
Armando
A. C. Garcia
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