A H ó s t i a
Oh! hóstia sagrada, santa eucaristia
Que és amassada, além da sacristia
Ostentas agora um colossal brasão
Feita da farinha com que se faz o pão.
Já trazes gravada a proteção sagrada
Que aparentemente salvas da injúria,
Do crime, do pecado e pões alada
A alma perversa onde grassa a fúria.
Contanto que o pecador reze a penitência
Dás salvação p ra toda a eternidade
Vamos então, pecar com pertinência
E mandar amassar farinha à vontade.
Aumentaremos a fornalha, também,
Para que tenhamos hóstias à vontade
E a Santa SÉ, não deixe, assim, ninguém
Sem a burla antiga da humanidade.
Oh! hóstia sacrossanta da eucaristia
Que por séculos e séculos sucessivos
Tamanha tem sido tua mitologia
Que mandas p ró inferno papas vocativos
Teu mito, porém, aos poucos desvanece
Na quadrilha organizada que te criou
Pois, nos fins deste século aparece
Uma quadrilha de leigos, que não mamou.
Estes ingênuos, novos quadrilheiros
Tentam amparar a quadrilha decaída
Para que se comam hóstias aos milheiros
Prosseguindo avante a farsa nesta vida.
Oh! hóstia, como és vilipendiada
Feita do trigo, do trigo que alimenta
Só que com ele tu, não pareces nada
Porque o bom trigo, mata a fome, sustenta
E tu, que fazes, diz-me afinal?
Eu sei: À alma causas mais mal ainda
Vez que não és panacéia para tal mal
Nem tal mal é curável com farinha!
S. P. 12/10/70
Armando A. C. Garcia
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